MotoGP, 2020: Cecchinello analisa a temporada de Nakagami

Por a 20 Dezembro 2020 13:00

Algumas semanas após o final da temporada de 2020, Lucio Cecchinello, diretor da Honda LCR, comenta o desempenho de Takaaki Nakagami

“Olhando para as oportunidades perdidas da temporada de 2020, creio que ele precisa de gerir melhor a pressão!”

O piloto japonês juntou-se à Honda LCR Idemitsu Team em 2018 e tem vindo a pilotar a RC213V ao lado de Cal Crutchlow desde então.

Nakagami terminou a sua 3ª temporada na classe rainha em 10º, com 116 pontos na classificação final.

Alcançou também o seu melhor resultado de carreira e obteve a sua primeira pole position de sempre no MotoGP em 2020. Cecchinello vê a época pela positiva:

“Esperava uma melhoria do Taka este ano, porque ele já tinha mostrado na época anterior um potencial muito bom. Sobretudo tendo em conta que em 2019 andava na mota de 2018, e não era tão competitivo como com o modelo de 2019. Vemos isso claramente nos dados e também em pista.”

Houve alguns pontos-chave para trabalhar este ano, e eu esperava uma melhoria, mas não tão significativa, como na segunda parte da temporada, quando ele mostrou ser um dos pilotos de MotoGP mais fortes.”

“O Taka melhorou em alguns aspetos importantes. No início, entendeu que há uma nova técnica a aplicar para ser rápido numa moto de MotoGP especialmente com a Honda. Basicamente, começar a inclinar a moto mais cedo, ao entrar em curva, e isso permite ao piloto usar uma zona de contacto do pneu maior e, portanto, ser mais produtivo na fase de desaceleração. Outro passo importante que deu foi aumentar o ângulo máximo de inclinação que lhe permitiu ficar mais por dentro nas curvas e ganhar tempo.”

“Quanto às melhorias que temos de fazer para o próximo ano, olhando para as oportunidades perdidas da temporada de 2020, creio que ele precisa de gerir melhor a pressão. Ele já compreendeu isto e mencionou-o em algumas entrevistas. Estou confiante, isso virá com o tempo, com mais experiência.”

O próprio Cecchinello competiu durante muitos anos ao lado de Nobby Ueda no Mundialk de 125 e falou das diferenças entre os pilotos japoneses e os ocidentais:

“Tive o Nobby Ueda como colega de equipa, era um fantástico colega e um grande piloto. O Nobby, creio que, juntamente com os outros pilotos japoneses da Honda dos anos 90 ou início dos anos 2000, era um piloto muito agressivo. Todos eram muito fortes. Nunca tinham medo. Tinham uma espécie de mentalidade samurai ou kamikaze. Penso que o ponto mais forte dos pilotos japoneses em comparação com os pilotos ocidentais é que, quando os pilotos asiáticos, especialmente os japoneses, estão focados num alvo, estão muito empenhados. Eles abordavam os seus objetivos com uma mentalidade muito forte, e estavam mesmo quase preparados para se matarem para atingir esse alvo. Foi uma boa aprendizagem para mim.”

“Agora, vejo que o Taka está um pouco mais calmo comparado com os pilotos japoneses dos anos 90, ele é mais pragmático, mas definitivamente muito empenhado, muito concentrado e determinado. A sua determinação é fundamental.”

“Trabalhámos com muitos pilotos nos 25 anos de história da equipa e entendemos que cada um tem a sua própria personalidade e o seu próprio estilo. Definitivamente, Nakagami é um dos pilotos mais empenhados, passando tempo na nossa garagem a trabalhar em estreita colaboração com os engenheiros da equipa a discutir todos os aspetos que podem ser melhorados: a posição de condução, aerodinâmica, rácios de caixa de velocidades e muitos outros pequenos detalhes. Portanto, para além de andar de moto, ele passa muito tempo a trabalhar na boxe e eu acredito que isso é muito positivo porque com as pequenas diferenças no tempo de volta no MotoGP hoje em dia, só trabalhando como um maníaco pode fazer a diferença.”

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