MotoGP: Será Bagnaia capaz de tornar-se num piloto excepcional?

Por a 20 Maio 2023 12:42

Ser diferente é fácil, mas ser extraordinário, ser acima da média, são qualidades cada vez mais raras de encontrar. Dizem os pilotos, e confirmam-nos os tempos em pista, que as margens são cada vez mais curtas; dizem os especialistas, que o factor humano cada vez menos conta face à atual sofisticação das motos do MotoGP.

Certo, certo, é que pilotos com esse dom raro de multiplicar títulos mundiais, como a lenda viva Giacomo Agostini (15xcampeão), Mike Doohan (5xcampeão de 500cc) Valentino Rossi (9xcampeão) e Marc Marquez (8xcampeão), ou mesmo tricampeões como Wayne Rainey e Jorge Lorenzo, são de uma estirpe claramente em vias de extinção. Com excepção de Marc Marquez (amado e odiado por muitos), da atual grelha que compõe o MotoGP, sinceramente, não vemos nenhum dos mais recentes campeões, de Joan Mir a Pecco Bagnaia, passando por Fabio Quartararo, potencial, ambição e força mental suficiente para se tornarem também eles…excepcionais!

Ninguém bisou o título com o número 1 desde Doohan em 1998

Mick Doohan é a referência para o atual campeão do mundo Francesco ‘Pecco’ Bagnaia, que luta por bater um recorde que dura há 25 anos no motociclismo. De facto, ninguém experimentou o sucesso no campeonato com a placa nº 1 em sua moto desde que o pentacampeão Mick Doohan conquistou o seu último título de 500cc em 1998. Um recorde que dura há um quarto de século. Pecco aceitou o desafio de ter a placa número 1, algo que não acontece na grelha desde que Casey Stoner a usou em 2012, ao mesmo tempo em que se tornou o quarto piloto a usá-lo na era MotoGP.

`”Vai ser difícil bater o Valentino. Ele fez uma fase má até metade, mas ainda é longa a temporada e está sempre mentalmente forte e nunca desiste”

Mike Doohan

Pilotos como Alex Criville, Kenny Roberts Jr, Nicky Hayden, Casey Stoner e Jorge Lorenzo, todos eles consagrados como MotoGP Legends, não conseguiram juntar dois títulos consecutivos usando o cobiçado #1. Outros, como Rossi, Marc Marquez, Joan Mir ou Fabio Quartararo, optaram por usar os seus icónicos números pessoais: #46, #93, #36 e #20, respectivamente. Apesar de fortemente associado ao #63, Bagnaia não podia perder a oportunidade de vestir o #1 do Campeão, e quem o poderia culpar? Se o italiano conseguir repetir o título com esse número, talvez entre no bom caminho para se tornar num piloto excepcional. Tem moto para isso, resta saber se terá as forças para o fazer como Doohan o fez, já a contas com sérios problemas numa perna que esteve muito perto de ser amputada.

A propósito, eu próprio estava na sala de imprensa em Jerez, e vi em direto a queda na curva 3 que colocou um ponto final na carreira do australiano 5x campeão mundial.

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