As mais belas motos de GP, 17: A Aprilia RS Cube

Por a 5 Janeiro 2021 17:00

A Aprilia RS Cube, muitas vezes chamada errada e redundantemente RS3 ou RS3 Cube, devido à letra original RS3, que indicava o seu motor tricilíndrico, foi um protótipo desenvolvido pela marca de Noale para competir nas temporadas de MotoGP de 2002 a 2004, já na era das 4 tempos

O motor era considerado o mais potente da época, produzindo cerca de 225 cavalos às 11.000 rpm

Foi revelado no Salão Automóvel de Bolonha em Dezembro de 2001 pelo então presidente da Aprilia, Ivano Beggio, e pelo seu chefe de corridas da altura, Jan Witteveen.

A RS Cube tinha por propulsor um motor de quatro tempos tricilíndrico em linha  de 990 cc, de acordo com as regras de MotoGP da época.

O motor, basicamente 3 dos 4 cilindros de um dos bancos de um antigo V8 de Formula 1 da Cosworth, foi desenvolvido com uma grande contribuição desta, trazendo à MotoGP muitas características não vistas anteriormente no desenvolvimento de uma moto, que incluíam válvulas pneumáticas, controlo de tração e acelerador remoto “ride by wire”, agora vulgar até nas motos de estrada.

Uma das razões da escolha foi que, ao fazer um triplo com 990 cc, dando uma cilindrada unitária de 330cc por pistão, a dimensão era muito próxima dos êmbolos da F1, permitindo à partida aproveitar anos de desenvolvimento de tecnologia.

O design e desenvolvimento do motor foi realizado por uma pequena equipa na Cosworth Racing em Northampton e passou de CAD para moto física em 8 meses.

O motor era considerado o mais potente da época, produzindo cerca de 225 cv às 11.000 rpm. A cambota com disparos a 120 graus dispunha ainda de um veio balanceiro, permitindo ao motor girar no sentido oposto às rodas, criando estabilidade em curva. A Aprilia usava a sua própria injeção e um módulo de comando tão compacto que cabia todo por detrás do pequeno painel na consola.

Um protótipo que nunca foi usado em corrida chegou a produzir 235 cv a certo ponto, antes da Aprilia desistir do MotoGP nessa altura, em 2004.

Quanto ao chassis, o quadro de dupla viga em liga montava garfos Ohlins de 45mm e travões Brembo em disco de 340mm. Atrás, um ajustador de altura era de origem incorporado na ligação do amortecedor, permitindo baixar ou elevar a traseira para diferentes pistas sem afetar a pré-carga. Um sistema de embraiagem contra-deslizante com assistência eletrónica foi outra novidade.

A distância entre eixos foi fixada em 1440mm depois da original de 1410 se ter provado sensível demais a cavalinhos, o que também ajudava a carregar a frente. Outra gracinha tirada da Formula 1 era o motor ser pegado por um berbequim externo que atacava num furo de um dos lados da carenagem.

Na primeira saída da moto em 2002, com os pilotos Colin Edwards e Noriyuki Haga, esta mostrou-se prometedora e reivindicou a velocidade máxima nas primeiras corridas.

No entanto, o motor e o sistema de controlo de tração altamente inovadores foram mal combinados com o chassis, que era demasiado rígido e implacável. A demora entre fechar o punho e o motor responder era desconcertante, como Edwards referiu logo nas primeiras saídas com a moto de Noale.

Durante a temporada de 2002, foram feitas algumas atualizações e em 2003 foi adicionado um sistema de escape 3-2-1 para suavizar eficazmente a violenta entrega do motor.

Isto foi associado a uma alteração para um sistema de combustível de 6 injetores, portanto dois por cilindro, e uma série de alterações de calibração que transformaram a sensação da moto.

A partir desse momento, a Aprilia assumiu o próprio programa de desenvolvimento do motor e não retirou mais atualizações de desenvolvimento da Cosworth, trabalhando com os seus próprios engenheiros.

Apesar da promessa inicial, a moto não foi um sucesso; a inovação mostrada na temporada de 2002 com controlo de tração e acelerador sem fios só agora está suficientemente aperfeiçoada para usar em corrida.

Os pilotos Jeremy McWilliams e Shane Byrne não foram capazes de aproveitar todo o potencial da RS3 e a Aprilia afastou-se da MotoGP para se concentrar em SBK, que viriam a vencer pouco depois em 2010, 2012, 2013 e 2014 antes de regressar à MotoGP.

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