SBK, 2020: Estoril na mesa para 2021

Por a 3 Novembro 2020 13:30

Gregorio Lavilla, Diretor Desportivo das SBK, faz um balanço ao ano do Campeonato perante os desafios impostos pelo Covid-19 e termina com um parecer favorável a um regresso ao Estoril…

O diretor desportivo da Organização das SBK, Gregorio Lavilla, deu a sua opinião sobre a temporada única do Campeonato do Mundo de Superbike de 2020. Numa primeira parte de uma extensa entrevista, o ex-piloto das SBK fala de protocolos, novos formatos, a batalha pelo título entre Jonathan Rea da Kawasaki e Scott Redding da Ducati e deita alguma luz sobre os factos de 2021.

Como achas que foi a temporada?

“Bem, acho que estamos muito felizes tendo em conta que esta não tem foi uma temporada normal. Não foi fácil atingir o nosso objetivo e tivemos muitas incertezas ao longo do ano. Estabelecemos o nosso objetivo em junho e no final de julho, e tínhamos conseguido. Acho que as corridas foram ótimas e tudo correu como planeado, com poucas situações difíceis. Estamos todos contentes com a forma como correu a época. Muita gente agradeceu-nos por ter organizado um Campeonato e sim, fizemos isso mas, para continuar com o Campeonato, era responsabilidade de todos no paddock seguir os protocolos. Agradeço a todos os envolvidos porque sem a sua cooperação, não teria sido possível.”

Qual foi o maior desafio desta temporada?

“No início, tratava-se de ver que pistas estavam preparadas para organizar um evento. As circunstâncias que propusemos, de facto, as mesmas para todos, para além de Portimão e Magny-Cours, era ser à porta fechada. O primeiro desafio foi encontrar circuitos que pudessem fazer isso, já que preparar um Campeonato do Mundo não é fácil quando não se tem o dinheiro que os fãs trazem. Depois, tivemos de estabelecer um protocolo que fosse viável e, em terceiro lugar, tínhamos de assegurar a mobilidade da nossa comunidade e do Campeonato; tivemos de assinar declarações para autorizar pessoal vindo de fora da zona Schengen.

No entanto, não sabíamos se estas permissões especiais seriam suficientes, pois tudo estava a mudar diariamente e tens sempre essa dúvida. No fim-de-semana anterior a Magny-Cours, houve uma mudança nas restrições, que significava que talvez não pudéssemos organizar o evento, mesmo que as equipas já estivessem a viajar, o que era uma situação horrível. Fiquei aliviado por ter terminado a temporada, pois foi muito stressante!”

 Que tal as corridas duplas em SSP e SSP300, como correram e estão aqui para ficar?

“Com um número reduzido de eventos, não sabia quantos faríamos, talvez dois, três, quatro, etc., achei que devíamos dar mais ação às outras classes. Em 2018, acho que tivemos apenas oito corridas nas SSP300, por isso pensei que, na pior das hipóteses, pelo menos igualaríamos isso com o nosso número mínimo de corridas. Desta forma, poderíamos, pelo menos, dizer que se trata de um Campeonato do Mundo “real”. A segunda coisa foi dar mais visibilidade a todas as equipas das classes, para ajudar a defender os seus orçamentos e mostrar mais aos seus patrocinadores, especialmente nestes tempos difíceis. No geral, nós e as equipas ficámos contentes com a época.”

“Estamos a tentar manter o formato de corrida dupla para as SSP e as SSP300 para 2021. No entanto, o que estamos a ver agora é o facto de este ano, ser muito compacto e haver muito stress no circuito. Por exemplo, os problemas que tivemos em Magny-Cours fizeram com que tudo se atrasasse mais do que o normal. O trabalho que fazemos, especialmente na Direção de Prova, é estabelecer um horário onde se pode gerir praticamente qualquer cenário com o mínimo de atraso possível. No geral, foi uma mudança positiva e abraça o espírito do Campeonato Mundial de SSBK, que sempre teve duas corridas, então por que não dá-lo a todas as nossas classes?

Isto é como jogar Tetris, onde temos de continuar a mover os diferentes blocos para que tudo se encaixe. Isto é muito desafiante, por isso, uma coisa que poderíamos fazer é que, se planeássemos oito a dez provas europeias, então a BLU cRU Yamaha R3 Cup poderia ser para alguns deles. Em algumas rondas, teríamos o horário completo com todas as classes a terem as suas corridas planeadas, mas nem todos os eventos terão isto. Estamos a tentar definir os parâmetros, mas as SBK vão ficar sempre assim, e um plano está a ser elaborado para as SSP, as SSP300 e a Yamaha Cup.”

Quais são os teus pensamentos sobre a ação e emoção em pista em 2020?

“Acho que mesmo que o Campeonato fosse para o calendário original de 13 jornadas, ainda teríamos a luta pelo título até ao fim. Sim, as pessoas dirão “bem, o mesmo tipo ganhou no final” mas as corridas foram disputadas, e não havia uma vantagem assim tão clara de ninguém em nenhum cenário em particular. Havia pistas onde a Kawasaki era forte, depois em outras eram as Ducati e em alguns traçados, a Yamaha e também, a Honda estavam na molhada. Olhando para isto e para o futuro, devemos ter uma base sólida para corridas melhores e mais emocionantes, porque, como digo, o Campeonato tem crescido ao longo do ano. As BMWs tiveram altos e baixos, mas estão a trabalhar arduamente no novo modelo para serem competitivos. Estou muito ansioso e estou muito positivo que em 2021, devemos ter mais corridas próximas.”

 Foi assim tão difícil fazer a temporada?

“Penso que temos de levar duas coisas em conta: o nosso próprio protocolo e também o protocolo em cada país e região. A chave era adaptar as diretrizes do país às do paddock; por exemplo, em Portugal, não era obrigatório usar uma máscara em espaços abertos com mais de dois metros de distanciamento Social, mas no paddock, asseguramos que todos usavam uma máscara e correu muito bem. Continuámos a monitorizar a conformidade do nosso paddock, desde equipas e funcionários ao catering e hospitalidade. Tornou-se uma rotina e que tornou esta temporada possível.”

Como achas que foi a Ronda do Estoril e qual é o futuro do circuito?

“Foi uma grande surpresa, com certeza, pois é uma pista a que eu nunca tinha ido. O feedback do paddock e de alguns pilotos foi que, com certeza, precisamos de fazer algum trabalho na manutenção como já fazemos nos outros circuitos, mas no geral, tivemos luz verde de que este evento seria bom para ter para o futuro. Estamos em conversações sobre as possibilidades e o futuro e, hoje em dia, o meu trabalho é finalizar o calendário proposto para 2021 e, neste momento, o Estoril está em cima da mesa e esperamos poder incluí-lo.”

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