Estas são de facto aquelas que representam o segmento que maior atenção e crescimento tem vindo a apresentar no sector das motos Adventure de média cilindrada. Motos de utilização mista que nos permitem rodar com conforto em estrada e realizar incursões fora de estrada com maior ou menor desempenho, dependendo da nossa experiência e da preparação e da aptidão de cada um dos modelos.
Obviamente que a Yamaha leva cerca de 4 anos de avanço face às suas novas concorrentes, realidade que lhe tem permitido “afinar” o conceito da sua Ténéré, fazendo-o declinar em diferentes versões e modelos, e preparar terreno para o embate que se avizinhava com a nova concorrência. Por outro lado tanto a Suzuki como a Honda tiveram todo o tempo para perceber o mercado, estudando o sucesso por detrás da Ténéré 700 da Yamaha e aparecer com novos modelos capazes de desafiar a sua liderança.

No meio desta disputa é natural que cada uma pretende afirmar-se de forma distinta, para ganhar protagonismo e diferenciação, conquistando o seu espaço de marcado. Se por um lado a aposta da Yamaha no modelo Ténéré 700 se mantém, ao longo dos últimos 4 anos, apenas com pequenos ajustes técnicos e de cosmética ( em equipa ganhadora não se mexe ) já a Honda e a Suzuki apresentam modelos totalmente novos, desenvolvidos de raiz tanto na sua ciclística como na sua motorização.
Pretendemos por isso nesta análise, e depois de termos podido rodar nos diferentes modelos aqui colocados em confronto, definir o que na nossa opinião são os pontos fortes de cada uma e aquilo em onde mais se diferenciam, tentando que os nossos leitores possam chegar à conclusão de qual aquela que melhor se adequa a cada um, tendo em conta o objectivo da sua utilização, o seu comportamento em estrada e fora da mesma, as ajudas electrónicas à condução e por fim também a estética, sendo este último elemento mais subjectivo, já que depende do gosto de cada um e também da fidelidade a uma determinada marca.
Yamaha Ténéré 700 de 2023
Basta olharmos para Ténéré para ficarmos fascinados com a sua estética Dakariana, uma moto concebida para a aventura e com uma estética a fazer lembrar as motos de Rally. Se uma imagem vale mil palavras, certamente que a Yamaha desenhou a sua Ténéré para nos transportar de imediato para outros horizontes.

E se a estética define o âmbito do potencial da sua utilização também as suas características, ciclística e motorização, estão em sintonia com esse mesmo compromisso aspiracional. A Ténéré aparenta ser uma moto especialmente desenhada para o OffRoad, face às suas novas concorrentes, e essa primeira percepção reflete-se em todos os seus componentes.
A Ténéré é certamente a moto mais leve das três ( 205 Kg em ordem de marcha ), não só em peso como em sensações, mais ágil no fora de estrada e aquela que apresenta uma posição de condução mais apropriada para o OffRoad. Com um banco estreito e compacto, um guiador que privilegia uma posição de condução em pé e uma proteção aerodinâmica adequada para realizarmos largas etapas de asfalto, de forma perfeitamente integrada na moto.

O seu motor é o conhecido CP2, amplamente utilizado pela Yamaha numa série de outros modelos da sua gama, um bicilíndrico de 690cc com cerca de 73 CV às 9.000 rpm, que entrega a sua potência de uma forma progressiva e elástica.
A sua ciclística está totalmente adaptada a uma utilização OffRoad / OnRoad, sendo porém a moto mais alta das três ( 875mm ) e, tal como as suas concorrentes monta roda de 21” na dianteira e de 18” na traseira com jantes de raios não tubeless. A suspensão dianteira é do tipo invertida com possibilidade de ajuste.
Do ponto de vista de ajudas electrónicas a Yamaha prima pela simplicidade e conta apenas com 3 modos selecionáveis de ABS. Em termos de equipamento a versão de 2023 conta agora com um painel de informação TFT de 5” a cores com possibilidade de ligação via bluetooth . Integra iluminação full LED e uma pequena tomada USB para ligação de equipamento electrónico. Vem ainda preparada para montagem de Quickshift.
O seu PVP base são 10.950 euros e está disponível em duas cores, Icon Blue e Tech Kamo
Link para o Ensaio realizado da Yamaha Ténéré 700:
A favor
- – Estética rally
- – Motor elástico
- – Agilidade
- – Simplicidade de utilização
- – Aptidão OffRoad
A melhorar
- – Conforto OnRoad
- – Ajudas eletrónicas ( ? )
Suzuki V-Strom 800 DE
A nova Suzuki V-Strom 800 DE é uma moto inteiramente nova, desenhada a partir de uma folha em branco, realidade que há muito se esperava da marca nipónica. Uma moto moderna e sofisticada, com ADN Suzuki BIG, muito bem equipada na sua ciclística e motorização e completa em termos de equipamento e ajudas e electrónicas.

Ao contrário da simplicidade exibida pela Ténéré a V-Strom apresenta-se com sofisticação e modernidade, oferecendo um compromisso de bom desempenho, tanto em estrada como no todo-o-terreno.
Esteticamente é aquela que rompe mais com o convencional, a alinhar com os restantes modelos da gama V-Strom e carregando o ADN das linhas das suas antecessoras. Com um assento confortável e ergonómico a apenas 855mm do solo, podemos colocar com facilidade ambos os pés no solo. A posição de condução é mais estradista e menos OffRoad, com um guiador mais plano e largo, quase semelhante ao de uma naked desportiva. O écran dianteiro oferece uma proteção limitada e está mais direcionado para uma utilização offroad.
A V-Strom é muito ágil em estrada e algo mais pesada em utilização offroad sentindo que os seus 230 Kg de peso afectam em parte a sua maior manobrabilidade. O seu motor, um bicilíndrico em linha de refrigeração líquida com 776cc debita cerca de 84 CV de potência máxima, caracteriza-se por uma entrega de binário forte desde as baixas rotações, subindo de regime de forma progressiva, realidade que lhe confere maior controle em condução fora de estrada.

O comportamento do chassi em asfalto é bastante neutro e no todo terreno beneficia do bom desempenho das suas suspensões totalmente reguláveis, com curso de 220mm tanto na frente como atrás, e de uma travagem eficiente e de bom tacto.
Do ponto de vista das ajudas electrónicas é o mais eficiente dos três modelos, permitindo optar por vários modos de motor ( 3 ) e diferentes níveis de intervenção do ABS podendo ser desligado à roda traseira. O sistema inclui 3 níveis de controle de tração e ainda um Modo Gravel que intervém no controle de tração de uma forma pouco intrusiva, permitindo fazer derrapar ligeiramente a roda traseira sem se perder o controle. A forma como se navega nas diferentes opções electrónicas resulta ser bastante intuitiva e fácil.
Em termos de equipamento a V-Strom 800 DE conta com um painel TFT de 5” a cores, com um interface gráfico extremamente legível e intuitivo. Conta ainda com Quickshift bi-direcional de origem e sistema de assistência ao arranque e Easy Start. O depósito é o de maior capacidade dos três modelos com os seus 20 litros, garantindo uma maior autonomia. Conta ainda com proteção de cárter e prote
O seu PVP base são 11.499 euros e está disponível em três cores, Amarela, Cinza e Preta .
Link para o Ensaio realizado da Suzuki V-Strom 800 DE:
A favor
- – Carácter do motor
- – Agilidade On-Road
- – Polivalência de utilização
- – Equipamento standard
- – Electrónica OffRoad
A melhorar
- – Guiador largo e baixo
- – Calor do motor
- – Proteção aerodinâmica
Honda Transalp XL 750
A Honda recuperou um ex-libris histórico da sua gama de motos e lançou uma nova Transalp, desta feita de motor bicilíndrico em linha e não em V. Uma moto totalmente nova, tal como a V-Strom da Suzuki, com uma abordagem semelhante que esta última , mais estradista do que Ténéré e explorando o universo de fãs do modelo anterior que há muito ansiavam por uma nova Transalp.

Esteticamente a moto aparente algum conservadorismo, sem romper com padrões estéticos e buscando alguma inspiração no anterior modelo. Procura obviamente modernidade na sua estética, mais fluida e harmoniosa, exibindo as cores que a caracterizaram durante mais de uma década no caso da versão Tricolor.
Ergonómicamente a Transalp 750 é perfeita e ao sentarmo-nos sentimos aquela sensação familiar de que a conduzimos toda a vida. A adaptação é muito rápida e a Transalp demonstra desenvoltura e agilidade na sua condução. Confortável e com boa proteção aerodinâmica a nova Transalp garante viagens longas com um mínimo de cansaço.
O seu desempenho fora de estrada está acima do expectável e o Setup das suspensões revela um comportamento polivalente mantendo desenvoltura e agilidade. Com um assento a apenas 850mm do solo é a mais baixa das três deste comparativo. Monta igualmente jantes de raios mas não tubeless. A travagem é efectiva e doseável como é característica de todas as Hondas.

O motor igualmente um bicilíndrico paralelo, debita 92 cv às 9.500 rpm, revela-se um motor com maior binário nos altos regimes e menos entrega nos regimes mais baixos, penalizando um maior controle de aceleraçãofora de estrada, mas proporcionando uma condução mais divertida em estrada.
As ajudas electrónicas são também diversas, contando com 4 Modos de motor e 5 níveis de Controle de Tração. O ABS tem dois níveis de intervenção e pode também ser desligável na roda traseira. Inclui ainda sistema Anti-cavalinhos e como opcional Quickshift bi-direcional. A gestão dos vários Modos de condução é complexa e obriga a alguma habituação ( mais simples porém do que na Africa Twin )
A nova Honda Transalp 750 está disponível em 3 cores , tricolor, Cinzenta e Preta e tem um PVP base de 10.600 euros
Link para o Ensaio realizado da Honda Transalp 750:
A favor
- – Preço/qualidade
- – Agilidade
- – Conforto
- – Proteção aerodinâmica
- – Facilidade de condução
A melhorar
- – Amortecedor traseiro
- – Comutador de luzes
- – Gestão da electrónica
Em conclusão
Face à experiência de pilotagem levada a cabo com os diferentes modelos podemos concluir que a liderança apesar de ameaçada deverá ser dificilmente abalada, até porque a Yamaha soube diversificar o seu modelo Ténéré introduzindo novas opções equipadas diferentemente para cobrir de forma ainda mais efectiva as necessidades de diferentes utilizações. As diferentes versões da Ténéré actualmente disponíveis, a Rally Edition, a Rally World Raid e a Rally World Rally, para além da versão standard aqui abordada, representam um importante leque de opções com uma diversidade difícil de superar.
Porém há a considerar o facto de que todas as Ténéré têm acima de tudo uma vocação mais OffRoad, digamos que 50/50 e nalgumas versões talvez 70/30 em prol do fora de estrada. Tanto a Suzuki como a Honda apostam em versões para uma utilização mais polivalente com maior predominância de uma utilização asfáltica mas igualmente com capacidade para enfrentar qualquer desafio fora de estrada.
Se a Ténéré 700 torna por isso mais evidente o âmbito da sua utilização, entre as novas V-Storm 800 e Transalp XL 750 a escolha terá a ver com a maior ou menor identificação com as características específicas de cada uma. Recomendamos que testem as diferentes opções e sintam qual se adapta melhor ao vosso estilo de condução e ao objectivo que pretende dar à sua utilização.













