Quando a BMW M 1000 RR entrou em acção durante os testes de Jerez para o primeiro teste oficial de Miguel Oliveira, existia grande especulação em redor do potencial do piloto português. No entanto, dentro do ritmo calmo de volta após volta, algo muito mais significativo estava a acontecer. Para Shaun Muir, diretor da equipa BMW Motorrad WorldSBK, esta não era apenas uma sessão de testes de rotina. Era um momento de realização, uma confirmação de que uma longa procura poderia finalmente estar a chegar ao fim. Nas suas próprias palavras, este teste parecia ser «a peça que faltava».
O teste de Jerez era sobre reconhecimento. Era sobre compreender se um piloto do calibre de Miguel Oliveira poderia desbloquear dimensões da BMW M 1000 RR que permaneciam fora de alcance de vários pilotos que passaram pela equipa e apenas Toprak conseguiu atingir. À medida que as horas passavam, Muir começou a sentir que algo fundamental tinha mudado. A moto estava a responder de forma diferente. O feedback entre o piloto e a máquina parecia invulgarmente claro. Não se tratava de um avanço medido apenas pelos números do cronómetro, mas pela clareza, direção e potencial.
Para Shaun Muir, a jornada com a BMW no motociclismo de alto nível tem sido marcada pela persistência, paciência e convicção. A BMW M 1000 RR chegou ao WorldSBK com enormes expectativas, mas o caminho rumo a um desempenho consistente na liderança tem sido tudo menos fácil. Os ciclos de desenvolvimento vieram e foram, pilotos talentosos mostraram momentos de brilhantismo, mas algo parecia sempre incompleto. Havia velocidade, sim, mas nem sempre harmonia. Havia promessa, mas nem sempre execução.
Muir nunca escondeu o facto de que o desafio da BMW era mais do que potência bruta ou conceitos aerodinâmicos. Era encontrar o elemento humano certo, um piloto capaz de traduzir a ambição da engenharia em desempenho repetível. Com o tempo, passou a acreditar que o ingrediente que faltava não era necessariamente um novo componente ou atualização técnica, mas um tipo diferente de voz no processo de desenvolvimento. Alguém que pudesse sentir o que a moto se queria tornar.
Em Jerez, quando Miguel Oliveira começou o seu trabalho, Muir observou atentamente. O teste decorreu com uma sensação de confiança tranquila. Não houve pressa, nem adaptação forçada. Em vez disso, Oliveira abordou a BMW com a curiosidade e sempre muito calmo. Esta abordagem teve impacto imediato na equipa e, especialmente, com Muir, que sentiu que este não era apenas mais um piloto a subir para a máquina.
















