Numa reviravolta que poucos ousariam prever, Maverick Viñales colocou a sua temporada de 2026 ao serviço do rigoroso treino de «Lorenzo». Após uma promissora temporada de 2025, mais uma vez interrompida por lesão, o piloto espanhol embarcou numa reformulação completa da sua preparação, cercando-se de Jorge Lorenzo como seu preparador físico e mentor, e de Chicho Lorenzo, o pai de Lorenzo, para aperfeiçoar os seus fundamentos na pista. É uma aposta ambiciosa que parece ser a última grande iniciativa numa carreira que procura consistência.
Esta é a incursão de um elemento inesperado na equação Viñales: o patriarca Lorenzo, o mentor obsessivo, o homem que moldou Jorge através de repetições intermináveis e disciplina quase militar, está agora envolvido na reconstrução de outro talento bruto… Maverick Viñales.
A decisão não surgiu do nada. A temporada de 2025 da Casa Particular em Viñales foi uma versão concentrada do que ele sempre foi: deslumbrante, imprevisível, às vezes irresistível, até que o destino — e uma lesão em Sachsenring — interrompeu brutalmente o seu momento. O piloto espanhol era claramente o piloto KTM mais explosivo antes do seu acidente. Não necessariamente o mais consistente, mas aquele que chamava a mais à atenção no paddock a par de Pedro Acosta.
Aos 30 anos, Maverick compreendeu uma coisa essencial: o talento por si só já não é suficiente. Então, voltou ao básico. Não à academia. Não aos simuladores. À escola.
Foi no modesto circuito de Albaida, perto de Valência, longe dos holofotes, que ocorreu o renascimento. Suzuki GSX-R. Dois cones, uma pista estreita. E no centro de tudo, o famoso «Magic Eight» de Lorenzo. Um exercício quase arcaico: virar, repetir, corrigir. Até que o corpo não precise mais de pensar.
Aqui, não há dados complexos, nem linguagem aerodinâmica. Apenas uma obsessão: precisão.
A presença de Chicho : a presença também simboliza uma reconciliação. As tensões históricas dentro da família Lorenzo — esta relação pai-filho, marcada por exigências extremas e conflitos abertos — agora parecem estar mais calmas. A energia já não é direcionada para o passado, mas para um objetivo comum: transformar Viñales numa máquina fiável.
















