MotoGP história: Alex Crivillé, o primeiro Espanhol, Parte 2

Por a 14 Abril 2020 16:00

Vimos como Crivillé, de Seva, perto de Barcelona, teve uma passagem difícil pelas 250 e como as coisas começaram a correr melhor quando ascendeu às 500. Em 1995, Crivillé ficou com a equipa da Honda, que também graças a ter um piloto Espanhol, encontrara um novo grande patrocinador: a Repsol.

Começou bem a temporada, tendo subido ao pódio com terceiros lugares, na ronda inaugural na Austrália e depois na Malásia. No Japão, retirou-se pela primeira vez essa temporada, enquanto o seu companheiro de equipa Mick Doohan ficou em segundo lugar. Em Espanha, subiu ao terceiro lugar do pódio.

Na Alemanha, terminou fora do pódio em quarto e em Itália terminou em quinto lugar, enquanto o seu companheiro de equipa Doohan venceu a corrida. Na sétima ronda na Holanda, Crivillé conquistou a sua primeira pole position de 500. No domingo, lutou duramente com o colega de equipa Doohan e Alberto Puig nas etapas finais da prova. Na última volta, Crivillé ultrapassou Puig, passando de terceiro para segundo. No entanto, Crivillé já não foi capaz de atacar Doohan e, assim, cruzou a linha 0,114s atrás dele.

Alex começara justamente numa Honda 75cc na Copa Criterium em 1985

Depois do segundo lugar do pódio em Assen, Crivillé retirou-se mais uma vez em França. Na Grã-Bretanha, conquistou o seu quarto 3º lugar do ano. Outros pontos surgiram nas rondas seguintes na República Checa, Rio de Janeiro (sexto em ambas as ocasiões) e Argentina, onde terminou em quarto.

Depois do seu companheiro de equipa Doohan ter conquistado o título em Buenos Aires, Crivillé venceu a última corrida da temporada fora da Europa, que se realizou no Circuito da Catalunha ou no seu ‘quintal’. No sábado, problemas com a moto impediram Crivillé de fazer um tempo com a moto principal e foi obrigado a mudar para a segunda, empurrando-o para a sétima posição, enquanto os companheiros de equipa Doohan e Itohh começaram de segundo e sexto lugar na grelha. No domingo, ao longo da corrida, subiu do sétimo para o quarto lugar.

Quando ultrapassou outro piloto para o terceiro lugar, passou pelas bancadas onde os adeptos espanhóis o aplaudiram, gritando “Crivi, Crivi, Crivi!”. Depois de ultrapassar Loris Capirossi para o segundo lugar, caça Carlos Checa, em primeiro mas a sofrer de desgaste de pneus. Enquanto Crivillé se colava, Checa deslizou para fora da contenda quando os pneus desistiram, oferecendo a liderança ao catalão da Honda.

No entanto, o próprio Crivillé começou a sofrer dos mesmos problemas de desgaste de pneus nas voltas finais, permitindo que o colega de equipa Shinichi Itoh e Capirossi encurtassem a diferença. Na última volta, Itoh tentou atacar, mas Crivillé defendeu-se e colidiram.

Seguiu-se um segundo ataque na curva 10, a curva “La Caixa”, com Itoh a assumir a liderança, mas a sair largo e a devolvê-la a Crivillé. Crivillé acabou por cruzar a linha 0,160 segundos à frente de Itoh, tornando-se o primeiro catalão a vencer em solo caseiro.

Crivillé terminou esse ano em quarto lugar no campeonato, com 166 pontos, 82 pontos atrás do campeão e companheiro de equipa Mick Doohan e 49 pontos atrás do segundo classificado, Daryl Beattie.

Com Crivillé a ter um bom desempenho em 1995, as expectativas eram altas em 1996.

Inicialmente, retirou-se na ronda inaugural na Malásia e só terminou em quarto na Indonésia, enquanto o colega de equipa Mick Doohan venceu a corrida. No entanto, na corrida japonesa, conquistou a sua primeira pole da temporada e terminou em segundo.

Em Espanha, porém, registou a sua segunda retirada do ano. Inicialmente assumindo a liderança da corrida à frente do companheiro de equipa Doohan, bem como de Luca Cadalora (que teve um início melhor e, assim, liderou na curva um), Crivillé abriu uma brecha após uma curta batalha com Cadalora, quando os pneus começaram a desaparecer. Crivillé liderou durante grande parte da corrida, mas Doohan estava a aproximar-se nas últimas voltas.

Na última volta, os espectadores que já pensavam que a corrida tinha terminado, invadiram a pista em torno da curva nove (a “Curva Angel Nieto”), distraindo Crivillé o suficiente para permitir que Doohan voltasse a colar-se nas últimas curvas. Entrando no último gancho antes da meta, Doohan foi pelo interior, lado a lado com Crivillé. A dupla não tocou, mas Crivillé enervou-se e perdeu a traseira ao acelerar, sendo cuspido, permitindo que Doohan ganhasse a corrida.

No entanto, depois de Jerez, Crivillé reagiu bem ao marcar três segundos lugares consecutivos. Em Itália, lutou com o colega de equipa Mick Doohan durante grande parte da corrida, mas acabou por terminar a 0,726 segundos do australiano.

Crivillé fez a volta mais rápida, a sua primeira do ano. Em França, assumiu mais uma pole, mas voltou a perder com Doohan no domingo, embora conseguisse somar a volta mais rápida. Na Holanda, Crivillé conquistou a sua segunda pole consecutiva, mas foi Doohan mais uma vez quem prevaleceu na corrida, após uma batalha entre os dois.

No GP da Alemanha, Crivillé conquistou a sua terceira pole consecutiva. No domingo, terminou mais uma vez atrás de Doohan depois de uma batalha entre ele, Doohan e Luca Cadalora que terminou com o italiano a vencer a corrida. Na Grã-Bretanha, Doohan voltou a vencer Crivillé quando venceu a corrida, com o catalão a terminar em segundo.

No entanto, a sorte transformou-se para Crivillé nas duas rondas seguintes. Na Áustria, Doohan liderava nas voltas finais, com Crivillé a aproximar-se, mas incapaz de fazer uma ultrapassagem. Na curva 8, Doohan cometeu um pequeno erro, permitindo que Crivillé o passasse na curva 9 (a “Jochen Rindt”). Doohan tentou um ataque tardio para retomar o lugar, mas falhou e saiu largo, permitindo que Crivillé o passasse para a curva 10 (a “A1”) para vencer a corrida a 0,500 segundos do seu companheiro de equipa.

Crivillé venceu a próxima corrida na República Checa da mesma forma. Doohan liderava nas voltas finais, mas Crivillé estava a apanhá-lo. Na última volta, a dupla lutou pela liderança, com Crivillé a fazer um ataque mas a falhar, a sair largo e a dar a vantagem a Doohan. Crivillé seguiu-o, tomando trajetórias diferentes. À medida que saiam da curva 14 e entraram na curva 15, Crivillé escolheu uma linha mais larga, permitindo-lhe obter mais tração à saída de curva, correndo lado a lado com Doohan até ao final. Ambos ficaram confusos porque não era claro quem ganhara, mas o marcador mostrou que Crivillé tinha batido Doohan por apenas 0,002 segundos, um recorde que ainda hoje se mantém. Também deu a volta mais rápida em ambos os locais.

Crivillé e Doohan continuaram a lutar no Grande Prémio da Cidade de Imola, desta vez com Doohan a vencer a corrida por uma margem de 0,104 segundos sobre Crivillé. Tadayuki Okada completou o pódio, tornando-se um pódio completo da Honda Repsol. Crivillé também fez a volta mais rápida.

Crivi em luta com Doohan e Cadalora

Na Catalunha, o seu GP de casa, terminou em terceiro, depois de ter lutado novamente com os companheiros de equipa Doohan e Tadayuki Okada, bem como com Luca Cadalora nos instantes finais da prova.

O seu último pódio surgiu na forma de um segundo lugar na ronda do Rio de Janeiro, perdendo novamente com Doohan por 0,465 segundos. Na última ronda na Austrália, Crivillé conquistou a última pole position da temporada, bem como a sua última volta mais rápida do ano, mas só conseguiu terminar em sexto, depois de colidir com Doohan na última volta, quando Crivillé tentar ultrapassá-lo, fazendo com que ambos caíssem no processo. Doohan comentou que “ele tentou dar a volta por fora, mas fechei-lhe a porta. Deixou a sua jogada demasiado tarde“.

Crivillé terminou em segundo no campeonato com 245 pontos, 64 pontos atrás do campeão e companheiro de equipa Mick Doohan e 77 pontos à frente de Luca Cadalora.

(continua)

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