MotoGP: Comunicar ou não eis a questão?

Por a 29 Junho 2017 15:59

É a notícia do dia no que diz respeito ao Mundial de MotoGP. A partir de 2018 no MotoGP e Moto3, 2019 no caso do Moto2, será aplicado a tempo inteiro o sistema que permite às equipas comunicar com os seus pilotos através de um sistema de mensagens curtas que surgirá no painel de instrumentos das motos.

Foi também divulgado que as equipas que já têm este sistema incorporado nas suas motos, e consequentemente aprovados pela Comissão de Segurança, podem desde o GP da Alemanha, que começa amanhã em Sachsenring, proceder à sua utilização.

A introdução deste sistema surge na sequência de um velho debate no Mundial de MotoGP sobre se deve ou não existir comunicação digital entre as equipas e os pilotos. Entre os grandes campeonatos mundiais do desporto motorizado o MotoGP foi o último baluarte da não existência de comunicação digital entre o binómio equipa/piloto, sendo esta sempre feita pelas rudimentares placas no muro das boxes, que tantos questionam se os pilotos a elevada velocidade e em plena concentração do seu esforço competitivo conseguem ter capacidade para as decifrar.

Uma visão que agrada aos mais puristas, que defendem que em pista é o ‘espaço sagrado’ do piloto e respetiva máquina, sendo este conjunto que deve fazer a diferença sem interferências do exterior. Já bastam todas as polémicas que as comunicações trazem consigo e que já existem por exemplo na Fórmula 1 dirão alguns.

Por outro lado não é menos verdade que estamos no ano de 2017 e o mundo está em constante evolução pelo que é sempre necessário uma adaptação à nova realidade.

Até aqui em termos de comunicação apenas a Direcção de Corrida podia comunicar com os pilotos através de um sistema que enviava para o painel de instrumentos das motos dos pilotos informações de segurança – através de luzes de aviso – como por exemplo a alertar para uma penalização a cumprir ou que a corrida em causa encontra-se interrompida com bandeira vermelha.

No entanto ao longo dos últimos tempos, nomeadamente no ano passado, este sistema mostrou ser bastante falível com vários pilotos a queixarem-se que não tomavam conhecimento, em particular, das infracções que tinham cometido. Para além disso em situações como as corridas ‘flag to flag’ é habitual existir uma grande indefinição entre as equipas e os pilotos em relação ao momento certo para parar, o que por vezes prejudica o resultado dos pilotos em questão.

Com esta medida tomada pela Comissão de Grandes Prémios pretende-se sobretudo aumentar a resposta a este tipo de situações e a segurança (acidentes, início da queda de chuva) evitando assim que ocorram situações caricatas e que não se coadunam com um dos campeonatos mais mediáticos do mundo.

Isto sem nunca perder o ‘carácter real’ do espetáculo. Este novo sistema de mensagens curtas, apelidado de “placa do muro das boxes virtual”, não irá funcionar em roda livre existindo um número estabelecido e consequentemente aprovado de informações que podem ser transmitidas aos pilotos, um pouco à semelhança do que sucedem noutras disciplinas.

Por exemplo no que diz respeito às escolhas de pneus este sistema não vem alterar em nada a atual situação porque numa corrida ‘flag to flag’ os pilotos não têm como comunicar com a sua equipa e vice-versa, a não se que parem nas boxes, qual os compostos que querem ver montados nas suas segundas motos pelo que existirá sempre espaço para as más decisões. Quem diz isto diz também à entrada ou não das boxes para mudar de moto continuando sempre a caber ao piloto a decisão final.

Veremos a breve prazo qual o efeito desta nova medida e se a adaptação dos pilotos e equipas decorrerá dentro da normalidade. Se o espectáculo em pista com esta nova tecnologia for igual ou ainda melhor ao que temos atualmente nós os adeptos é que agradecemos.

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