Moto2: Análise do Campeonato ao fim de 10 provas

Por a 6 Agosto 2018 00:43

Ao fim das 10 primeiras provas e agora que dobrámos o ponto intermédio da época, vale a pena analisar o que aconteceu até agora, perceber quem tem demonstrado ter mais argumentos para vencer e quem tem mais probabilidades de vir a ser campeão.

No inicio da época podemos considerar que os favoritos ao titulo de 2018 eram os que melhor se classificaram no campeonato de 2017, e que aqui continuariam, ou seja: Miguel Oliveira, Alex Marquez, Francesco Bagnaia, Matia Pasini e  Brad Binder.

Neste momento a classificação é a seguinte:

1º Miguel Oliveira 166 pontos / 2 vitorias / 6 pódios / 0 abandonos

2º Francesco Bagnaia 164 pontos / 4 vitórias / 6 pódios / 0 abandonos

3º Alex Marquez 113 pontos / 0 vitorias / 5 pódios / 2 abandonos

4ºLorenzo Baldassarri 106 pontos / 1 vitoria /3 podios / 2 abandonos

5ºBrad Binder 101 pontos / 1 vitoria / 1 podio / 1 abandono

6º Joan Mir 95 pontos / 0 vitorias / 3 podios / 2 abandonos

7º Xavi Vierge 90 pontos /0 vitorias / 1 podio / 2 abandonos

Com 9 corridas por disputar estão ainda em jogo 225 pontos o que é muito e dá para muitas voltas e reviravoltas, pelo que nada está ainda decidido e também ninguém destes 5 primeiros deverá ser considerado fora de jogo.

Mas a verdade é que em 10 provas já se conhecem as cartas de cada jogador e a forma como elas são lançadas na mesa.

A grande verdade desta primeira metade do campeonato é que Francesco Bagnaia já ganhou 4 provas, ou seja o dobro das ganhas por Miguel Oliveira, e nenhum dos dois abandonou em qualquer prova até agora.

Bagnaia fez 2 pole positions, saiu praticamente sempre das duas primeiras linhas da grelha e tem demonstrado ser inteligente em corrida, muito rápido e a mostrar gerir bem o desgaste da sua Kalex.

Só que Bagnaia teve o azar de apanhar Miguel Oliveira pela frente que lhe tem feito a vida negra. E se é verdade que o piloto português tem tido qualificações desastrosas, também é verdade que tem feito corridas alucinantes que têm anulado essa enorme desvantagem. Miguel Oliveira tem feito magia em cada corrida e tem conseguido resultados praticamente impossíveis de conquistar. Eu diria que com o problema grave que as KTM têm nos treinos (não conseguem ser eficazes com deposito vazios e pneus novos) nenhum outro piloto teria conseguido estar nesta posição do campeonato. E por isso sem, fanatismos de qualquer espécie afirmo que Miguel Oliveira está onde está, a liderar a tabela dos pontos, apenas pelas suas impressionantes qualidades e pelo seu talento.

O terceiro classificado Alex Marques está já a 51 pontos do segundo, ainda não ganhou qualquer corrida, e já desistiu por duas vezes, mas tem 5 pódios.  Ou seja é claramente um dos principais pretendentes ao trono, sendo que as coisas não lhe têm corrido bem. Alex Marquez é capaz do melhor e do pior, ou seja a consistência não é um dos seus atributos. E a consistência é muito importante e sim é verdade que faz ganhar campeonatos. Se Alex Marquez conseguisse fazer virar os problemas a seu favor estaria certamente muito perto da liderança, pois é um excelente piloto, rápido e muito experiente.

Lorenzo Baldassarri, o quarto classificado, não fazia parte da lista dos favoritos. Mas por mérito próprio e pelos resultados obtidos está na luta pelo titulo, apesar não estar a ser consistente. Ora muitíssimo rápido, ora perfeitamente escondido no meio do pelotão, já obteve este ano um vitoria, e subiu por 3 vezes ao pódio. Ainda hoje mostrou o que vale com uma recuperação alucinante de 10º á partida até ao primeiro lugar a meio da corrida…que não conseguiu manter. Apresenta algumas defeitos de gestão de esforço e eventualmente poupa pouco o material para quando precisa dele. Mas é um piloto que vai estar melhor nesta segunda metade e prevejo que possa subir ao pódio mais vezes. É aquele em quem aposto para  terceiro no final do campeonato.

O quinto classificado é Brad Binder, na sua 2ª época ao lado de Miguel Oliveira em quem encontrou um professor. Brad Binder foi Campeão do Mundo em Moto3 no ano 2016 com a equipa Red Bull KTM AJO, tendo vencido após 7 vitorias e 14 pódios, deixando o segundo classificado Enea Bastianini a 142 pontos, uma enormidade.

Brad Binder manteve-se na equipa Red Bull KTM AJO e transitou para a categoria superior em 2017, ano em que conquistou um brilhante 8º lugar no campeonato e melhor rookie. Nas 3 ultimas corridas de 2017, Binder acompanhou as 3 vitorias de Miguel Oliveira obtendo também ele 3 pódios, o que representou um sinal de estar pronto para a guerra em 2018.

Mas mais do que candidato a campeão, Binder tem sido um bom segundo piloto da equipa, raramente tendo suplantado o seu colega. Sofrendo do mesmo mal das KTM em treinos, Binder tem feito boas corridas mas sem a chama e a gloria do piloto português. No entanto já se pode gabar de ter conquistado a sua primeira vitoria em Moto2, e outras seguramente aparecerão num futuro próximo.

A grande desilusão do campeonato é o veterano italiano Matia Pasini que em 2017 fez muito boa figura, com alguns rasgos de inspiração que o levaram a conseguir uma vitoria e dois segundos lugares. Em 2018 Pasini iniciou o campeonato cheio de garra, com um 4º lugar no Qatar e uma vitoria na Argentina. Parecia claramente um dos grandes pretendentes ao campeonato, mas a partir de Jerez os resultados deixaram de aparecer. É frequente surgir no grupo da frente no inicio das corridas mas invariavelmente depois deixa-se cair na classificação.

Joan Mir, campeão em titulo de Moto3 e colega de equipa de Alex Marquez tem sido o autor de uma excelente época de estreia em Moto2, tendo já subido por 3 vezes ao pódio, mas não apresenta ainda a consistência necessária para poder candidatar-se a lugares ambiciosos no campeonato. Será no entanto um dos principais protagonistas desta segunda metade do campeonato.

Xavi Vierge é o 7º classificado do campeonato com 90 pontos, quase tantos quantos os que acumulou na totalidade da época de 2017 em que ficou em 10º lugar. Consegue ter momentos de inspiração, já obteve este ano uma pole position logo na segunda prova do ano na Argentina, e tem aparecido pelo grupo da frente regularmente nas ultimas corridas. Xavi Vierge vai ser também um dos importantes protagonistas da segunda metade do campeonato.

 

 

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