MotoGP, história: Os anos de Mike Hailwood, Parte 2

Por a 29 Março 2020 16:15

Mike Hailwood tornou-se num dos grandes do Mundial, amealhando vitórias aparentemente fáceis em 2 e 4 rodas e estabelecendo-se como um dos maiores pilotos da sua época

Em 1970, Hailwood foi novamente atraído de volta às corridas de moto, desta vez pela equipa BSA montando uma Rocket 3 na corrida das 200 Milhas de Daytona na Florida, parte de uma forte equipa BSA/Triumph. Enquanto estava no comando da prova, a máquina rapidamente falhou devido a sobreaquecimento.

Com Agostini (2) em Mallory Park

Hailwood voltou a montar para a BSA na corrida de Daytona de 1971, qualificando-se na primeira fila. Liderou a corrida, mas voltou a avariar.

Em 1964, juntamente com o comentador e jornalista britânico Murray Walker, publicou o livro The Art of Motorcycle Racing.

Hailwood afirmou ter sido informado por um adivinho na África do Sul que não viveria até aos 40 anos e seria morto por um camião. A história foi repetida por Elizabeth McCarthy num livro de memórias de 1981, enquanto contava a sua relação com Hailwood, que conheceu no Grande Prémio do Canadá em 1967.

Quando lhe pediu a mão em casamento, ela respondeu que estava hesitante em casar com alguém que pudesse morrer numa qualquer corrida de fim-de-semana. Hailwood contou-lhe a sua história e disse: “… por isso, não vai acontecer numa pista.”

Anos depois, a 11 de junho de 1975, casou mesmo com a modelo Pauline e teve dois filhos, Michelle, em 1971, e o filho David.

Durante a sua carreira de piloto de automóveis, é justo dizer que Hailwood nunca alcançou o mesmo nível de sucesso que encontrou em motos, mas alcançou resultados respeitáveis na Fórmula 1 e Sports Cars.

Hailwood participou em 50 Grandes Prémios de Fórmula 1, começando com uma fase inicial entre 1963 e 1965, estreando-se no Grande Prémio da Grã-Bretanha em 20 de Julho de 1963, alcançando dois pódios em 1964 e marcando um total de 29 pontos no campeonato.

Estava em luta por uma vitória na sua primeira corrida de Fórmula 1 em 6 anos, o Grande Prémio de Itália de 1971, quando ele e outros três pilotos terminaram em 1-2-3-4 a duas décimas de segundo uns dos outros, Hailwood terminando em quarto.

Conquistou o título europeu de Fórmula 2 de 1972 e conquistou um pódio nas 24 Horas de Le Mans de 1969. Hailwood realizou três temporadas completas na série europeia Shellsport F5000 entre 1969 e 1971 e foi 2º na série de 1972 da Tasmania em que conduziu um chassis TS8 F1 com motor de 5000.

Hailwood foi reconhecido pela sua bravura quando, no Grande Prémio da África do Sul de 1973, retirou o Suíço Clay Regazzoni do seu carro em chamas depois de os dois terem colidido na segunda volta da corrida. O fato de condução de Hailwood incendiou-se, mas depois de ser extinto por dos bombeiros voltou para ajudar a resgatar Regazzoni, um ato pelo qual lhe foi atribuída a George Medal, o segundo maior galardão que um civil britânico pode receber.

Em 1974 dirigiu um Yardley McLaren M23 de fábrica e impressionou, por vezes superando o líder da equipa e Campeão Emerson Fittipaldi. Deixou a Fórmula 1 depois de se ter lesionado gravemente no Grande Prémio da Alemanha de 1974, no Nürburgring, e retirou-se para a Nova Zelândia.

Em 1977, Hailwood já tinha viajado para a Austrália para pilotar Ducati em corridas de longa distância e um evento de 30 voltas numa Yamaha, juntamente com máquinas de corrida históricas. Conseguindo algum sucesso, entrou numa prova de longa distância de 3 horas em Abril de 1978, novamente com o copiloto australiano Jim Scaysbrook.

Em 3 de Junho de 1978, após um hiato de 11 anos do mundial de motociclismo, Hailwood quis realizar um regresso, agora lendário, à Ilha de Man TT na corrida de Fórmula I, uma classe do Campeonato do Mundo baseada em máquinas de estrada de grande capacidade até 900cc introduzida pela primeira vez em 1977.

Contactou a Honda, cuja diretor Gerald Davidson lhe disse que “estava muito velho para correr, mas se quisesse aparecer como um exercício de Relações Públicas, tudo bem”!

Como Davidson, que chegou a ser o único não-japonês no conselho de administração da Honda, poucos observadores acreditavam que o piloto de 38 anos se revelasse competitivo nas corridas de TT depois de uma ausência tão longa.

Sem se desmotivar, Hailwood contactou Steve Wynne da Sports Motorcycles de Manchester, que lhe arranjou uma Ducati 900SS preparada pela NCR Italiana e pelo grande Franco Farné, que Wynne reconstruiu totalmente e modificou ainda mais, sabendo o grau de exigência da corrida na Ilha.

Hailwood fez uma corrida discreta em Mallory Park, que correu bem e não só foi competitivo, como venceu o Sénior, batendo a Honda oficial de Phil Rea e estabelecendo um recorde de F1 que perdurou vários anos.

Uma conceção errada da altura era que as cores da moto, de vermelho, branco e verde se deviam à bandeira italiana, mas de facto as Ducati de fábrica eram normalmente prateadas.

De facto, o esquema ficou a dever-se a um pequeno patrocínio na Castrol, que se tornou nas cores da Sports Motorcycles, como preparador de motos Italianas.

Hailwood ainda correu na Ilha de Man TT em 1979 antes de se retirar para sempre aos 39 anos. Na última aparição na Ilha de Man, Hailwood montou uma Suzuki RG 500 de dois tempos para outra vitória no TT Sénior. Optou então por usar a mesma moto de 500 cc no Unlimited Classic e alternou a liderança com Alex George numa Honda de 1100cc durante todas as seis voltas, em mais um TT épico. A um minuto ou dois de distância na estrada, raramente estavam a poucos segundos do tempo um do outro a cada volta, Hailwood perdendo para Alex George por apenas 2 segundos.

Após a sua retirada do automobilismo, no final de 1979 Hailwood regressou a Inglaterra e estabeleceu um concessionário de motos Honda com sede em Birmingham chamado Hailwood & Gould, em parceria com o ex-piloto Rodney Gould.

Hailwood tinha-se retirado com 76 vitórias e 112 pódios em Grande Prémio, (por comparação, Márquez tem 50 vitórias e 70 pódios), e 9 títulos Mundiais, incluindo 37 vitórias em Grande Prémio, 48 pódios mais 14 vitórias na Ilha de Man e 4 Campeonatos do Mundo de 500cc.

Foi-lhe atribuído o Troféu Segrave em 1979 ,”em reconhecimento às suas façanhas da Ilha de Man nos TTs Senior e Clássicos”.

A FIM nomeou-o uma Lenda de Grande Prémio em 2000 e foi inscrito no International Motorsports Hall of Fame em 2001.

Após a vitória de Hailwood na corrida de motociclismo da Ilha de Man de 1978, a Ducati ofereceu uma Réplica Mike Hailwood baseada na 900S para venda. Foram vendidas cerca de 7.000. Controvérsia rodeia o paradeiro da moto original com que Hailwood ganhou a corrida.

Wynne supostamente vendeu-a a um colecionador japonês, mas como originalmente a Ducati  lhe mandara 3 motos, construiu outra, que ainda há pouco tinha na sua montra em Cheshire, de peças sobresselentes. Outra foi construída por um Americano a partir de uns garfos que Wynne lhe vendeu, e o preparador processou com sucesso o comprador quando este começou a chamar à moto construída em redor dos garfos a original.

No sábado, 21 de Março de 1981, Hailwood saiu no seu Rover SD1 com os filhos Michelle e David para is buscar o tradicional peixe e batatas fritas para o almoço. Quando regressavam ao longo da A435 em Warwickshire, um camião fez uma inversão de marcha ilegal e o seu carro colidiu com ele. Michelle, de 9 anos, foi morta instantaneamente. Mike e David ai da foram levados para o hospital, onde Mike morreu dois dias depois devido a graves ferimentos internos. Tinha 40 anos. O filho David sobreviveu com ferimentos ligeiros.

Por pôr termo à vida de um dos maiores de sempre, o condutor do camião foi multado em 100 libras. Em 1981, uma parte do circuito de Man foi nomeada Hailwood’s Height em sua honra.

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